[...]Duas na igreja, outra no comboio. Três numa semana. Facas ou pistolas, Bernardo viu de tudo e acabou sem nada. “Nós somos o divertimento deles.” Ajeita os livros e faz-se sozinho rua acima – 16 anos de bairro a tropeçar no crime e o hábito roubou-lhe o medo. “Vou por ali e já tento nem pensar nisso, só eu nunca levei!” A sorte muda a cada esquina de Rio de Mouro, na linha de Sintra, e o colega João Rodrigues foi “espancado” na estação. “Tenho amigos esfaqueados várias vezes e a mim encostam-me as facas ao pescoço”.
Os ataques são sempre feitos no escuro, ao fim da tarde. “Chumbam várias vezes e são mais velhos do que nós, já só andam ali para poder roubar.”Nada que o conselho executivo não saiba. O professor diz que ali “são mais os antigos alunos – rapazes que abandonaram, foram abandonados e sem auto-estima entraram no mundo da delinquência e criminalidade”.Mas não desistem da escola, agora pelos negócios da droga e do roubo. “Vejo-os da janela a encostarem- -se às redes para traficar. Ao final da tarde, já escuro, fazem esperas junto à rotunda para tentar assaltar as pessoas.”Bernardo e João lembram-se das vítimas e do assassinato de domingo à noite, mas também Márcia, mãe de outro aluno, conta que um dos rapazes era amigo do filho. “Eu e o meu marido até brincávamos com ele: ‘aos 18 anos arranjamos-te uma pistola!’” João diz ser “rara a noite em que não se ouve tiros” e faz uma pergunta a outras etnias: “Se fazemos aqui tudo para que se integrem, por que é que nos assaltam?”[...]
in Correio da Manhã de 01 de Fevereiro de 2008
Suscitam-se duas contendas elementares: imigração descontrolada e Escola inSegura.
O Programa Escola Segura, iniciativa conjunta do Ministério da Administração Interna e do Ministério da Educação, visava estabelecer condições de segurança da população escolar através de vigilância das escolas e das áreas envolventes com policiamento nos percursos habituais de acesso às escolas e acções de sensibilização junto dos alunos para as questões da segurança. Pois bem, quem não conhece os Citroen Saxo brancos da escola segura que andam por todo lado?! Ainda sábado passado os encontrei na praia do carvalhal, onde a única escola que conheço é a do engate e dos carros estacionados de vidros embaciados...
Quanto à imigração descontrolada não querendo acercar o meu juízo das ideologias de extrema direita do PNR [mas cuidado que o movimento está a crescer...] e aflorando apenas a questão cultural, é incontestável que a lingua portuguesa apresenta, actualmente, alarmantes intróitos de expressões afro-canarinhas que desvirtuam a tão preclara (patrioticamente versando) lusitana cultura.